Porém, mais de uma década se passou desde o advento da tecnologia e muito mudou. Com o Odyssey 3D, a Samsung opta por uma solução muito mais moderna, precisa e agradável aos olhos ao inserir câmeras de rastreamento de retina com uso de inteligência artificial, fazendo com que a experiência funcione sem óculos especiais.
Imagem: Samsung
Na teoria, tudo parece promissor, mas e na prática? O 3D realmente compensa o preço e funciona tão diferente do que já vimos no passado? Confira o nosso review completo do Samsung Odyssey 3D abaixo.
Design e acabamento
Por ser um monitor topo de linha, o Samsung Odyssey 3D tem o tipo de acabamento que você espera com montagem simples, peças muito bem-acabadas, iluminação RGB, ajustes de altura, inclinação e arestas finas (não muito, mas suficiente para passar a impressão premium).
Desde o primeiro contato com o produto, é tudo muito fácil de montar: nada de muitos parafusos e encaixes difíceis. Aqui, são encaixes de pressão e uma montagem (ou desmontagem) muito fácil de realizar por qualquer usuário. A base é de metal e muito firme, enquanto o corpo do monitor é em plástico, mas de uma ótima qualidade.
Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
O painel de 27 polegadas oferece um tamanho bem confortável para uso diário e para jogos, o ajuste de altura é muito satisfatório e, se inclinação é algo que é necessário para o seu tipo de uso, você também está coberto por aqui.
Outro destaque do Samsung Odyssey 3D é a quantidade de conexões, o fácil acesso a elas e o organizador de cabos. Ao todo, o monitor possui:
- 2 entradas USB-A (uma delas para atualização)
- 1 entrada USB-B (para cabo do modo 3D)
- 2 entradas HDMI 2.1
- 1 entrada DisplayPort 1.4
- 1 entrada para conector de energia
Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
Há poucos pontos negativos e eles não são de grande destaque. Um deles é a ausência de uma porta USB-C, especialmente útil para usar em ultrabooks e Macbooks, e a falta de uma entrada para fones de ouvido (entretanto, isso é compensado por alto-falantes).
Imagem e som
O Samsung Odyssey 3D tem apenas uma opção de modelo em 27 polegadas, resolução 4K, 165 Hz de taxa de atualização e 1 ms de tempo de resposta GTG, especificações bem parrudas para um display Ultra HD, além de ter alto-falantes embutidos. Mas como isso se traduz na experiência de usuário?
Vamos começar pelo som, que só tenho coisas positivas a dizer. Os alto-falantes são bons o suficiente para algo embutido em um monitor, são bem altos e não distorcem médios e agudos, nem deixam de trazer um impacto com graves. Não espere uma qualidade de uma soundbar, obviamente, mas é uma boa alternativa para quem não quer usar fones para assistir a um vídeo, por exemplo.
Já o visor tem alguns pontos negativos, apesar de ser bom. Por ser um painel IPS, certamente não temos como esperar um nível de qualidade de contraste, HDR, uniformidade de tons de preto, vazamento de luz e outros elementos tão bons de um OLED ou QLED, mas eles ainda são competentes o suficiente. Contudo, em sua categoria, há alternativas mais interessantes.
Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
Esse talvez seja um dos calcanhares de Aquiles do Odyssey 3D. Embora a qualidade de imagem seja boa, pela faixa de preço (que comentarei abaixo) há opções melhores. O painel IPS é bem competente e a qualidade de imagem é boa, mas por conta da especificidade do 3D, há algumas trocas e carências.
Da mesma maneira que outros visores tridimensionais, a exibição ocorre em “dois painéis” (falando de forma simplificada), cada um deles exibindo uma imagem diferente que é interpretada pelo nosso cérebro. Contudo, no uso comum, quando o 3D não está ativo, é notável que a imagem é renderizada de forma diferente.
Por conta disso, menus do Windows, textos menores e outros tipos de interface possuem um aspecto um pouco mais “pixelizado” do que o comum no Odyssey 3D, algo similar ao screendoor effect de um jogo de VR. Isso pode afetar levemente a clareza de alguns detalhes pequenos e a legibilidade de textos de alto contraste.
Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
Confesso que isso me incomodou de leve em um primeiro momento, mas acabou se tornando um detalhe que me acostumei. Especialmente durante as jogatinas de diversos gêneros, o HDR foi satisfatório, não tive problemas com contrastes ruins e o ponto da “pixelização” foi inexistente.
Outro ponto que considero negativo, especialmente se você utiliza monitores em ambientes com muita luz, é o material extremamente reflexivo da tela. O Odyssey 3D, talvez até pelo uso da tecnologia 3D, tem um visor que reflete muito facilmente fontes de luz que podem atrapalhar, sejam de lâmpadas ou da luz do sol.
Se você está de olho no Samsung Odyssey 3D, isso precisa ficar muito claro: para atingir a proposta de conteúdo tridimensional sem óculos, alguns pontos sofrem em detrimento de uma qualidade ideal para o 3D. Ele é um monitor competente, mas há “trocas” para funcionar bem.
Para finalizar, todos os testes foram feitos com o monitor calibrado em seu software embarcado, com o HDR calibrado e com o perfil de cores recomendado por especialistas do Rtings.
Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
Software e modo 3D
Eis que chegamos ao holofote: afinal, o Samsung Odyssey 3D tem esse nome por trazer a solução de jogar com efeitos 3D sem a necessidade de óculos especiais. Mas antes de partir para essa seção, uma rápida avaliação do software embarcado no produto.
Há diversas opções de qualidade de imagem (a melhor é a Original com a calibração do Rtings), FreeSync, GSync, assistente de mira, equalizador de preto, mudanças no RGB externo do monitor e muito mais. Tudo é muito bom, simples e fácil de usar, já que o botão de usabilidade é uma espécie de “analógico” bem fácil de mexer.
Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
Contudo, é o 3D que realmente importa. E aqui, o Odyssey 3D realmente brilha bastante, já que conta com soluções de IA e duas câmeras integradas para rastrear cada olho individualmente, garantindo que a imagem tridimensional nunca fique fora de foco e traga resultados bons em qualquer cenário.
Eu fiz teste com muita luz, luz baixa, mexendo a cabeça e até de longe, mas nada conseguiu fazer com que o rastreamento fosse insatisfatório. A solução da Samsung realmente é muito boa e traz uma qualidade impressionante – mas ela só funciona para uma única pessoa, então nada de mais usuários de uma só vez olhando para a tela.
Para que o 3D do Odyssey 3D funcione, é necessário conectar o cabo USB-C a uma entrada USB-A do computador, baixar o software Odyssey 3D HUB e instalar drivers. A configuração inicial poderia ser um pouco mais fácil e prática, mas assim que é configurado, a função é excelente.
Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
O uso do 3D sem óculos do Odyssey 3D é excepcional. Atualmente, o único jogo feito especialmente para o monitor é The First Berserker Khazan, que não requer nenhum tipo de configuração, enquanto há uma lista maior de jogos compatíveis, que você confere abaixo:
- Khazan: First Berserker
- Dragon ball Sparking! ZERO
- Stray
- Minecraft Dungeons
- Dragon ball Z: Kakarot
- Tekken 8
- Little Nightmares II
- The King of Fighters XV
- F.I.S.T
- Hogwarts Legacy
- SpongeBob SquarePants: The Cosmic Shake
- FINAL FANTASY 7 REMAKE INTERGRADE
- Wigmund
- Black Myth: Wukong
- Grand Theft Auto III
- Grand Theft Auto: Vice City
- Grand Theft Auto: San Andreas
- Silent Hill 2 Remake
- Senuas Saga: Hellblade II
- Persona 3 Reload
- Disney Epic Mickey Rebrushed
- The Outlast Trials
- The Smurfs – Dreams
- Grounded
- PALWORLD
- Pacific Drive
- Lies of P
- PAYDAY 3
Como citado, The First Berserker Khazan é o único jogo 100% compatível, mas os demais games não fazem feio no Odyssey 3D, a diferença é que você pode modificar barras de profundidade e elementos que “saltam” para fora da tela, achando a maneira ideal de aproveitar.
Epic Mickey, The King of Fighter XV e outros títulos funcionaram muito bem, mas é preciso fazer ajustes. Silent Hill 2 foi um dos que eu mais gostei, embora mirar seja um pouco difícil por conta de o retículo ficar estranho de forma tridimensional, mas ainda oferece uma ótima experiência.
Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
De forma nativa, o Odyssey 3D HUB, software do monitor, é muito competente em encontrar jogos da Steam compatíveis, mas na teoria ele funciona com qualquer loja digital no PC, como Epic, GOG, Xbox App (ou Game Pass) e mais, mas é necessário indicar o caminho para o executável. Eu testei apenas com Persona 3 Reload, mas, infelizmente, não funcionou.
Essa é uma das minhas maiores críticas ao Odyssey 3D. O software é apenas ok e ainda carece de muitas melhorias: a própria lista de jogos exibe games compatíveis mesmo que o suporte oficial não tenha chegado ainda (a lista está se expandindo até o fim de 2025 com os jogos citados).
Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
Em alguns casos, o app do Odyssey 3D HUB travava ou não iniciava o game (e o modo 3D só funciona se for iniciado via aplicativo), em outros não funcionava de primeira e por aí vai. A solução não é ruim, mas falta polimento, seja na usabilidade, mais funções ou até correções de bugs.
Além de jogos, o monitor da Samsung também funciona com vídeos, o que é uma adição bem legal. Infelizmente, os serviços de streaming não são compatíveis, mas vídeos locais baixados e YouTube funcionam sem problemas e a conversão é incrível, mesmo para conteúdo que não foi feito para o 3D.
Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
Testei com filmes em arquivos MP4, MKV e tudo funcionou bem, testei com capturas de jogos que faço para reviews do Flow Games e até mesmo em conteúdo ao vivo no YouTube: tudo ficou muito bem-feito em três dimensões e claramente não há limitações aqui além de direitos autorais, DRMs ou algo do tipo – uma provável explicação do porquê a Netflix, HBO Max e outros não são compatíveis.
As funcionalidades são muito legais e a Samsung fez um trabalho excepcional para que o 3D funcione. Contudo, especialmente para jogos, a lista de títulos compatíveis ainda é pequena para o Odyssey 3D. Isso me deixa muito intrigado, já que a grande maioria funciona com uma espécie de conversão, sem a otimização nativa para rodar dessa maneira.
Não sei se por alguma limitação dos motores gráficos dos jogos ou licença de uso, mas talvez a compatibilidade com o Odyssey 3D não é automática, o que é uma pena. Testando capturas locais, como vídeos gravados de Metal Gear Solid Delta, a execução é incrível e seria muito legal ver isso em tempo real.
Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
Parece que a possibilidade está ali, mas, por algum motivo, não funciona com qualquer jogo. Eu cheguei a testar se jogar através de um software de captura de vídeo, como OBS e ReCentral da Avermedia, poderia “enganar” o software da Samsung em pensar que era um vídeo e converter para 3D, mas não deu certo.
Além disso, vai um aviso: é necessário um PC parrudo para aproveitar o Odyssey 3D. Não há perda de performance para a conversão, mas o monitor só ativa os efeitos tridimensionais se a resolução do jogo estiver em 4K (não à toa é necessário no mínimo uma RTX 3080). Seria interessante expandir para outras resoluções para aliviar um pouco a carga.
Se a Samsung expandir a lista de compatibilidade cada vez mais com o Odyssey 3D, possivelmente teremos um monitor bem diferente e com uma funcionalidade interessante em mãos, mas por ora há limitações.
Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
Preço e disponibilidade
O Samsung Odyssey 3D já foi lançado há alguns meses no Brasil e tem apenas uma versão em 4K e 27 polegadas, saindo por um preço tabelado de R$ 12 mil, mas o site oficial da marca já tem ofertas por cerca de R$ 8,5 mil.
Imagem: Samsung
Samsung Odyssey 3D vale a pena?
O Samsung Odyssey 3D é um monitor um pouco fora da caixa e é difícil compará-lo com outros do mesmo segmento – justamente porque talvez ele não tenha exatamente um segmento de comparação e isso cria uma certa dificuldade em comentar sobre sua qualidade.
Pelo preço de R$ 12 mil, há produtos, inclusive da própria Samsung, que funcionam bem melhor como um monitor gamer, como o Odyssey G9 Super Ultrawide, modelos OLED e por aí vai. Entretanto, o 3D é exclusivo do Odyssey 3D e não há nada igual no mercado brasileiro.
Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
Se conteúdo em 3D é algo que chama sua atenção, o Odyssey 3D consegue reproduzir a tecnologia de uma maneira que você nunca viu e acho que não há nada no mercado, mesmo em cinema e TVs, que chegue perto do que vi aqui. Porém, saiba que há soluções melhores em qualidade de imagem e custo-benefício.
Entre erros e acertos, o Odyssey 3D resgata um pouco da diversão da tecnologia: enquanto novos monitores puxam o limite de taxa de atualização cada vez mais de forma desnecessária e especificações que são apenas números maiores um tanto irrelevantes, ele aposta em algo diferente que realmente entretém.
No fim, o Samsung Odyssey 3D parece um pouco em estado de protótipo em alguns aspectos. Muita coisa funciona, mas há bastante arestas para aparar e há trocas para que o recurso tridimensional funcione. Talvez em revisões e atualizações do modelo, com mais suporte e um software aprimorado, esse monitor seja algo bem único.